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BALANÇO 2020 E O QUE ESPERAR DE 2021 – ATÉ O MOMENTO

Recentemente, a Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, divulgou um balanço do setor referente a este ano tão atípico – 2020-, e também algumas conjecturas para 2021, mas que dependem de outros diversos fatores externos, como economia e política nacional e internacional e, claro, da saúde pública e suas respostas em relação à Covid-19.

De acordo com Fernando Pimentel, presidente da Abit, embora a indústria de transformação – onde se inclui a têxtil e confeccionista – represente 11,8% do PIB brasileiro, ela é responsável por 50,6% das exportações nacionais de bens e serviços; 24,9% da arrecadação de tributos federais; e 65,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento. Porém, devido a todas as intempéries entre 2011 e 2020, o saldo, que deveria ser positivo, foi de encolhimento nessa participação. “Foi uma década perdida; não saímos do lugar, regredimos”, lamenta Pimentel. E que fique bastante claro, não foi por falta de vontade e investimentos do setor. Para se construir um parque fabril têxtil hoje, começando do zero, igual ao que já temos implantando no Brasil, o custo estimado seria de R$ 360 bilhões.

Encerrando este ano de 2020, o setor estima ter produzido 1,87 milhão de toneladas de manufaturados têxteis e 4,76 bilhões de unidades de vestuário, volumes afetados pelo reflexo da crise sanitária na atividade econômica. Em faturamento, o setor projeta para 2021 R$ 55,3 milhões em manufaturados têxteis e R$ 152,1 bilhões em produtos de vestuário, o que representará, respectivamente, altas de 10,5% e 24% em relação aos valores registrados neste ano.
Com relação às vendas no varejo, a entidade espera a comercialização de 6,2 bilhões de peças em 2021, o que representará um crescimento de 25% em comparação com este ano de 2020, quando devem ser vendidas até o fim de dezembro 5 bilhões de peças. Em faturamento, no mesmo comparativo, o incremento deve acompanhar o ritmo das vendas, e o comércio espera atingir R$ 228,9 bilhões no próximo ano. O número é 26% maior que os R$ 181,4 bilhões que deverão ser registrados em receita do setor em 2020 (em 2019, o faturamento foi de R$ 185,7 bilhões).

EMPREGOS

Para 2020, o saldo de empregos formais no setor deve fechar com a perda de 39 mil postos de trabalho, mas que, gradualmente, vêm sendo preenchidos com a demanda produtiva do vestuário, que surpreendentemente teve um rápido reaquecimento de setembro em diante. De acordo com a Abit, a expectativa é que até o final de 2021, sejam retomados ao menos 65% desses postos perdidos no setor.

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Ainda de acordo com Pimentel, o impacto do auxílio emergencial na economia durante a pandemia, liberado pelo governo federal, foi de tal ordem, que o saldo ficou positivo em R$ 120 bilhões, já descontada a perda de renda pelos empregos (13,8 milhões de desempregados no país, atualmente, segundo dados divulgados em outubro pelo IBGE).

COMÉRCIO EXTERIOR

As importações de têxteis e confeccionados de janeiro a novembro/2020 tiveram uma queda de 15,1%, enquanto as exportações desses artigos caíram 6,1% no mesmo período; no setor de vestuário, a queda nas importações foi ainda maior – 29,8% (efeito pandêmico, especialmente de artigos vindos da Ásia), e a importação de máquinas e equipamentos foi de 6,7% neste mesmo período.

MATÉRIAS-PRIMAS E A 2ª ONDA DE COVID-19

A demanda de consumo reaquecida gerou uma corrida frenética por tecidos, aviamentos, embalagens e tudo o mais que compõe a produção de vestuário. Com estoques baixos ou zerados, isso gerou um descompasso entre o tempo de produção do têxtil com a do vestuário, deixando o setor com falta de algumas matérias-primas para a fabricação desses artigos, situação que, de acordo com Pimentel, deve se restabelecer no primeiro trimestre de 2021. Ele ainda destaca que não haverá falta de algodão, já que o Brasil produziu safra recorde e o consumo deve ser um pouco menor este ano (530 toneladas); e apesar de o preço da pluma ter saído de US$ 0,53 em abril para US$ 0,70 agora, já que é uma commodity cotada em dólar, o aumento de preços não deve chegar ao consumidor final, devido ao mix de fibras que vem sendo utilizado na confecção dos tecidos.

Sobre a 2ª onda de Covid-19 aqui no Brasil – que já vem se desenhando, infelizmente -, Pimentel diz que um eventual fechamento do varejo por conta do recrudescimento da pandemia (como o decretado pelo Governo de São Paulo ontem, 22/12, deve jogar as estimativas para baixo, em relação a comercialização e, consequentemente, a produção.  

“A previsão está atrelada à manutenção das atividades econômicas em relativa normalidade, em ano em que ainda será necessário se superar efeitos da crise sanitária. Se não houver uma situação mais dramática na área de saúde, teremos um cenário estável em 2021, recompondo o que foi perdido”, avalia.

(Leia a matéria completa sobre esses dois assuntos na edição 118 da Costura Perfeita – link: https://bit.ly/34BNQ8E )

ANO DO E-COMMERCE, DOS ANTIVIRAIS E DA SOLIDARIEDADE

De acordo com estudo feito pelo Movimento Compre & Confie e a ABCOmm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), a quarentena fez com que o faturamento do varejo digital crescesse 56,8% de janeiro a agosto deste ano, em relação ao mesmo período de 2019, e o número de transações efetuadas cresceu 65,7%, indo de 63,4 bilhões para 105,6 bilhões nos seis primeiros meses de 2020. Com esse crescimento, a projeção para o ano de 2020 saltou de 18% para 30% no acumulado anual. 

As três categorias que registraram as maiores variações de crescimento foram Beleza e Perfumaria, que apurou alta de 107,4%, com faturamento de R$ 2,11 bilhões no período; Móveis, com alta de 94,4% e faturamento de R$ 2,51 bilhões; e Eletroportáteis, com 85,7% e faturamento de R$ 1,02 bilhão. O segmento de Moda e Acessórios ficou com 34,9% e R$ 4,1 bilhões.

Algumas das maiores varejistas de moda do país também tiveram saltos expressivos em suas vendas no e-commerce e outros canais digitais, como o WhatsApp, por exemplo, acelerando o processo de digitalização do setor.

Outro destaque de 2020, foi que, apesar de todas as dificuldades, o setor têxtil e de confecção se mobilizou em torno do combate à Covid-19, colocando suas instalações, mão de obra e produtos à serviço da saúde pública.

Entre os associados da Abit, a produção de máscaras cirúrgicas pelas empresas do setor saltou de 6,5 milhões para 140 milhões em quatro meses, período em que 140 empresas converteram suas linhas de produção para atender a essa demanda; e por meio das companhias, doou R$ 53 milhões em equipamentos de proteção individual e respiradores (contabilizados até maio). A tecnologia de tecidos com proteção antiviral, antes pouco conhecida pelo grande público, também se popularizou, indo das máscaras, às roupas e até transporte público.

PERSPECTIVAS 2021

Segundo estudos das equipes econômicas, o PIB do Brasil deve crescer em 2021 perto de 4% e, desta forma, Fernando Pimentel espera alavancar o PIB da indústria têxtil em torno de 2,5%. Ele reforça, no entanto, que esse incremento nos resultados está diretamente atrelado à retomada de uma agenda positiva, que envolve diversas discussões, como reforma tributária, reforma do setor elétrico, pacto federativo, nova lei de licitações, entre outros temas da agenda governamental. “Os próximos 60 a 90 dias serão determinantes para 2021, enfatiza.”

Imagem de abertura: Rawpixel / Freepik

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