Cultura da reutilização já é mais disseminada na indústria da moda, que vem repensando o seu impacto ambiental

A rede americana Walmart passará a vender produtos usados das marcas Apple e Samsung ainda em 2022, pelo programa “Walmart Restored”, cujo objetivo é diminuir o desperdício ao mesmo tempo em que oferta produtos mais baratos. A curadoria dos objetos será feita por uma equipe de especialistas que avaliarão o preço baseado na condição dos aparelhos. Inicialmente, esse programa estará disponível apenas nos Estados Unidos, mas em breve chegará também ao Brasil.

Porém, enquanto a rede varejista com presença global ainda dá os primeiros passos para entrar neste segmento de mercado, outros players que atuam no varejo secondhand (como é chamado o segmento de venda de produtos usados) já colhem bons frutos com a experiência, que já está altamente disseminada na moda e parte dos hábitos desses consumidores. Inclusive aqui no Brasil. Segundo um levantamento do Sebrae, a abertura de estabelecimentos que vendem usados aumentou 48,58% nos seis primeiros meses dos anos de 2020 e de 2021 – o maior número em seis anos.

Algumas delas são as marcas Troc, Gringa e a Orit, uma das líderes neste negócio no país, especializada em compra e venda de joias e relógios e que atualmente possui duas lojas físicas em São Paulo e também realiza atendimentos e vendas online. Segundo Thaisy Tavares, gerente de marketing da empresa, o programa da gigante varejista é um indício de que essa mudança no comportamento do mercado vem para ficar. Inclusive no Brasil.

“O mundo, de forma geral, vem repensando muito a forma de consumir e durante a pandemia essa tendência ganhou muita força. Esse já é um conceito mais consolidado no mercado, mas que vem se expandindo para outras áreas, como por exemplo de eletrônicos, como podemos ver com a chegada da Walmart no mercado secondhand”, explica.

Segundo a especialista, o preconceito que já existiu no setor vem sendo diluído com o aumento da conscientização em relação ao desperdício e a qualidade das peças, além do preço mais acessível. “As pessoas passaram a entender mais sobre a qualidade, durabilidade e beleza dos produtos secondhand, que reúnem o melhor em um preço muito mais acessível. Além disso, há produtos que deixaram de ser produzidos, por exemplo, e se tornaram peças raras – temos, inclusive, alguns deles em nossas vitrines e loja online”, comenta.