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SUA MAJESTADE NIGERIANA TRABALHA PARA VALORIZAR A MODA AFRICANA

Por Laura Ayako Yamane

Ronke Ademiluyem, rainha da Nigéria (foto de abertura), esposa do Ooni de Ife, criou, em 2011, em Londres, a África Fashion Week –  semana de moda que visa valorizar a produção do continente africano no segmento de moda e expandir a produção de estilistas negros e sua ancestralidade, servindo como um poderoso símbolo de resistência contra a discriminação racial e reclusão. A monarca esteve em São Paulo entre os dias 25 a 27 de maio para abrilhantar a primeira edição brasileira do evento África Fashion Week Brazil,  realizada no Expo Center Norte, que contou com  a presença de um público numeroso.

Os estilistas encantaram o público com muito brilho, transparência, cores vibrantes, sem deixar de lado as clássicas, e muita estamparia, mostrando todo o luxo e exuberância que a moda africana tem. Os estilistas africanos que desfilaram suas coleções foram: Taússy Danie, Gary Pie, Fashion by Ashani, Patrick Ngwevende, Kuavi , Chiefo!, Abi Creations, Wura by Fola, Mama Cultura, Ejiro, Mary Martin London, Piillz and Poizn, Fresh by Duton, Blingshiki ,Adire Oodua X, e brasileiros: Mônica Anjos e Meninos Rei.

O que mais destacou as coleções foram as estampas, pois, sejam elas impressas, tingidas, pintadas ou bordadas, representam objetos, espaços, seres e as metamorfoses presentes na mitologia africana, uma complexidade textual onde podem ser lidas as identidades sociais e religiosas daqueles que as usam. O tamanho e a ornamentação das roupas revelam a classe social das pessoas e origem de seus grupos. As cores são vivas, representando cores da bandeira de seu país, ou, ainda, tons terrosos ou branco e preto.

A diversidade de tecidos e estampas carregam uma rica simbologia, capaz de decifrar a alma dos povos ancestrais. Entre eles, destacam-se:

Adrinkra – tecidos estampados à mão, com selos (tipo carimbos) esculpidos em cabaças, e mergulhados em uma tinta vegetal. Tradicional do reino Ashanti (Gana).

Bogolan – tecidos pintados à mão vindos do Mali.

Adire – significa pano amarrado para tingir (tie dye). São tecidos de algodão dos Iorubás (Nigéria).

Agbadas – túnicas bordadas dos Iorubás e Haussas (Nigéria).

Asafo – As bandeiras bordadas com apliques do Fanti da costa de Gana.

Aso oke – Tecido Yorùbá, feito à mão, para vestuário entre os Yorùbá do sudoeste da Nigéria.

Panos de Cabo Verde – São feitos de várias faixas costuradas juntas, usando a técnica da tecelagem.

Kente – O tecidos dos Reis. Famosos e coloridos panos feitos por teares dos Ashanti ou Asanti.

Kuba – Tecidos de ráfia bordados pelo povo Kuba, do Congo

Laura Ayako Yamane é Pesquisadora de Moda e Cultura Popular, e consultora de moda em tecelagem e estamparia.

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