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O BÁSICO NADA BÁSICO

Peças-chave no vestuário ganham espaço no mercado com atributos tecnológicos e sustentáveis

(ABERTURA) Basico.com, uma das marcas da holding BB&Co, do Grupo Malwee / Divulgação

Quem não tem uma camiseta lisa, branca ou uma regata preta, ou de outras infinitas cores, no guarda-roupa que são coringas na hora de se vestir?

Só no ano de 2022 foram comercializados 2,4 bilhões de peças classificadas como casuais, segundo dados do Estudo de Canais do Varejo de Vestuário 2023, produzido pelo IEMI – Inteligência de Mercado. Em volume, representa 38% do total de peças comercializadas, e em valores, R$ 133 bilhões, equivalentes a 50% do faturamento total, que foi de R$ 265,8 bilhões. Não é pouca coisa.

Tanto que, em setembro de 2022, a Shoulder, tradicional marca de moda feminina, fez um aporte de R$ 18 milhões no caixa da Oriba, marca slow fashion masculina de estilo minimalista, em troca da participação minoritária na empresa paulistana que vem ganhando o mercado nacional, com uma melhor performance de vendas nas regiões Sul, Sudeste, em parte do Nordeste e no Distrito Federal, atraindo um público mais consciente e conectado com o que o representa. “Acreditamos que as pessoas estão se preocupando mais com o que consomem, e isso acaba impactando de maneira positiva o consumo de roupas básicas”, avalia Rodrigo Ootani, sócio-diretor da Oriba.

Assim também acontece com a BB&Co, holding apoiada pelo Grupo Malwee que reúne marcas nativas digitais (DNVBs), como Basico.com, Basicamente, BeON, Balmare e Belong Be.

Vinicius Andrade, CEO da BB&Co, aponta que tem sim observado um aumento no consumo de itens considerados básicos aqui no Brasil ao longo dos últimos anos e, em sua opinião, isso pode ser reflexo de uma tendência global em direção a um estilo de vida mais minimalista e consciente.

Vinicius Andrade, CEO da BB&Co, que faz parte do Grupo Malwee. / Divulgação

O QUE É BÁSICO?

Básico é um termo muito amplo e subjetivo, ainda mais na moda, mas há alguns consensos entre itens que fazem parte dessa classificação, digamos.

Ootani, da Oriba, diz que, mais do que uma peça simples e sem estampa, entende como básico tudo aquilo que faz parte do dia a dia de seus clientes. “Acima de tudo, pensamos como e por que ele vai usar cada peça, em como podemos minimizar ao máximo o impacto ambiental do que fazemos e como podemos aumentar, continuamente, a qualidade dos produtos que desenvolvemos”, destaca. Para ele, não é preciso ter muitas peças de roupas para estar bem-vestido, e um guarda-roupa básico é como se fosse um closet infinito de combinações.

“No atual cenário do mercado de moda, consideramos que peças ‘básicas’ são aquelas que oferecem versatilidade e atemporalidade. Essas são peças essenciais que podem ser facilmente combinadas com outras para criar uma variedade de looks”, comenta o CEO da BB&Co. “Em nosso caso, peças básicas incluem camisetas de qualidade, jeans bem cortados, blusas neutras e vestidos simples, todos projetados com atenção aos detalhes e qualidade dos materiais para garantir durabilidade. Atualmente, nossas marcas se concentram em oferecer uma gama diversificada de peças que atendem às necessidades de nosso público. Isso inclui não apenas as peças básicas que mencionei anteriormente, mas também coleções sazonais que seguem as últimas tendências da moda”, completa.

Linha rePET, da Oriba, feita com PET reciclado. / Divulgação

O NOVO STATUS

As peças básicas de vestuário se transmutaram em estilo, ganhando até uma ponta no ‘quiet luxury’, em que a discrição, a simplicidade e, sobretudo, a altíssima qualidade das roupas falam por si. Além de descomplicarem o look, os básicos podem ser também bastante modernos, funcionais, com atributos de tecnologia têxtil embarcados nos fios, como proteção antimicrobiana, antiviral, hidratante, anticelulite e muitas outros.

Quem deu um empurrãozinho nesse novo status dos básicos foi o período pandêmico, quando as pessoas, trabalhando ou não em casa, primavam ainda mais pelo conforto – e esse é outro legado do período –, versatilidade, origem dos produtos e algum tipo de proteção contra o vírus da Covid-19 era sempre bem-vindo. A Oriba, inclusive, foi uma das primeiras marcas, na época, a desenvolver e colocar no mercado peças de roupas, como camisetas, moletons e jaquetas, capazes de neutralizar o coronavírus.

Já Vinicius, da BB&Co, comenta que em resposta a essas mudanças nas preferências dos consumidores, as marcas sob o guarda-chuva da plataforma também se adaptaram e agregaram diversos atributos às suas peças básicas, a fim de atender às necessidades dos clientes com maior uso de tecidos tecnológicos.

GUARDA-ROUPA INTELIGENTE

Na trinca consumo consciente + armário inteligente + sustentabilidade, os itens de moda básica vêm levando vantagem. Isso porque, com o bônus de versatilidade e qualidade superior, esse tipo de peça se torna mais versátil no guarda-roupa e, consequentemente, maior durabilidade, menor descarte e frequência de compra, sem contar a escolha de matérias-primas.

O CEO da BB&Co reforça que essa abordagem de um guarda-roupa mais enxuto está alinhada aos objetivos da moda sustentável, buscando minimizar seus impactos.

“Quando falamos do impacto, analisando o jeito que fazemos moda no Grupo Malwee, vamos desde a escolha de matérias-primas mais sustentáveis, redução no consumo de água nos processos, uso de químicos que não são nocivos a quem manipula ou ao meio ambiente, entre outras ações para correlacionar a nossa produção a um futuro mais equilibrado.”

A Oriba, que investe em produção e tecidos naturais e mais sustentáveis, como os feitos de algodão orgânico da Paraíba, Modal e de PET reciclado, bem como o jeans autointitulado “o mais sustentável do Brasil” (veja no QR Code), quer deixar um impacto positivo, ambiental e socialmente falando. Desde seu lançamento, 1% das vendas da Oriba têm a renda destinada aos projetos educacionais da Unicef, e, no final de 2022, a marca criou um manifesto para falar das implicações do fast fashion e do consumo desenfreado.

CONHEÇA O BETA JEANS DA ORIBA
https://www.costuraperfeita.com.br/oriba-lanca-o-jeans-mais-sustentavel-fabricado-no-brasil/

ESPAÇO PARA CRESCER

Para quem acha que básico é tudo igual, não é bem assim, mas existe o desafio de se destacar e encontrar o equilíbrio entre qualidade, estilo, preço e sustentabilidade.

“Talvez um dos maiores desafios seja conseguir mostrar ao cliente a qualidade e a sustentabilidade de cada um de nossos produtos. Como são peças básicas, visualmente não é tão simples de diferenciar, isso falando somente do produto; então, por isso, a experimentação, no nosso caso, é muito importante. Uma vez que um cliente experimenta nossas roupas e começa a usar no seu dia a dia, ele acaba virando um cliente recorrente”, relata Ootani.

Contudo, na visão de Vinicius Andrade, da BB&Co, há espaço para expandir neste mercado e ele lista algumas razões: demanda crescente, peças com design mais moderno e reinventado, versatilidade, tecidos funcionais e consumidores mais conscientes.

Seguindo essa vertente, a Oriba, com o investimento da Shoulder, tem apostado na expansão tanto de seu e-commerce como em espaços físicos. Além da loja matriz na Vila Madalena, em São Paulo, a marca inaugurou este ano lojas nos shoppings Higienópolis e JK Iguatemi, das quais esperam um incremento de R$ 10 milhões em faturamento ainda este ano. E não pretendem parar por aí: querem somar quatro novas unidades em 2023 e mais seis em 2024.

“As pessoas não vão deixar de consumir, de se vestir e de se expressar, mas estão procurando cada vez mais marcas que se comuniquem com elas, não só em campanhas de marketing, mas em seus valores e atitudes. Marcas que sejam positivas de maneira sincera, que façam o melhor possível, para seus clientes, para a sociedade e para o meio ambiente vão continuar a ganhar cada vez mais espaço.”, endossa o sócio-diretor da Oriba.

Foto: Divulgação

SIMPLES ASSIM

Quem também enxergou o potencial do mercado dos básicos foi a Reserva, que agregou ao seu portfólio mais uma marca: a Simples. Após o sucesso da Camiseta Simples, que inovou em 2021 com vendas por assinatura a mais de 3 milhões de clientes que queriam comprar apenas peças básicas de alta qualidade, a Reserva, que faz parte do Grupo AR&Co, investiu em desenvolvimento têxtil e tecnológico para criar a marca independente Simples, que está à venda em corners dentro de lojas físicas Reserva em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal, e no site www.simplesreserva.com.

Com a bandeira de uma moda acessível, sustentável e democrática, as peças básicas e unissex da Simples, feitas em 100% algodão, estão disponíveis em diversas cores, com tamanhos que vão do PP ao 3G.

“O novo projeto do Grupo AR&Co tem o desafio de oferecer à sociedade uma moda de excelência, em uma modelagem pensada para cair bem em todos os corpos e que ecoa com as necessidades de sustentabilidade e inclusão”, pontuou Rony Meisler, CEO do Grupo AR&Co e cofundador da Reserva.

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