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PANDEMIA CONVIVERÁ CONOSCO POR TEMPO INDETERMINADO

Abit destaca resultados comparativos do último ano do setor têxtil e confeccionista brasileiro e perspectivas para o segundo semestre de 2021

Nem tudo foi e nem está perdido no setor têxtil e de confecção brasileiro frente ao ano pandêmico, que se iniciou em 2020 e vem se estendendo por 2021, com tempo indeterminado para acabar.

Claramente que o choque inicial do espalhamento da Covid-19 pelo mundo todo afetou os negócios em âmbito global e local, deixando em apuros toda a economia do país, o que já era esperado. Mas entre socorros atrasados – na saúde e na economia -, vimos arrastando a pandemia mais do que se esperava. Neste cenário, muitas empresas do setor confeccionista, principalmente, não aguentaram e sucumbiram, enquanto outras conseguiram à base de gestão pé no chão, cooperação, muita ginástica financeira e mergulho na digitalização, chegar até aqui.

Em sua recente análise setorial, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), junto ao IEMI – Inteligência de Mercado, mostrou um comparativo de janeiro a maio 2020/2021, onde a performance produtiva dos segmentos têxtil e de confecção neste período ficou praticamente equalizada (36,3% e 36,6% respectivamente). Porém, o crescimento de cada um deles foi diferente: enquanto o têxtil avançou 15,6% em sua produção, o setor confeccionista reduziu em 1,6%. Isso porque a parada brusca em abril de 2020 trouxe efeitos diferentes a cada um deles: como o setor têxtil não abastece só o vestuário, conseguiu compensar cerca de 40% de sua outra fatia composta pelos segmentos de cama, mesa, banho, móveis, hospitalares, geotêxteis, entre outros, mas tropeçou quando o consumo de vestuário se reaqueceu por volta de agosto de 2020, tentando repor seus estoques de matérias-primas e insumos para atender a esta fatia novamente, e ainda disputando os mesmos dilemas com o mundo todo, além da questão logística.

Neste mesmo período, o varejo de vestuário, mesmo tendo um incremento de 26,2% entre janeiro e maio de 2021 frente ao mesmo período de 2020, alavancado especialmente pelo e-commerce e pela flexibilização do comércio, com a reabertura de lojas físicas, nos últimos 12 meses reduziu 3,9%. A receita nominal em vendas no acumulado de 2021 até o momento mantém um saldo positivo de 1,8%.

Vale destacar que a importação de têxteis e confeccionados, também nestes 5 meses comparativos, aumentou 44,27% em toneladas, enquanto as exportações performaram 20,41%. Ainda neste recorte, a importação de itens de vestuário reduziu 7,45%.

Um dado que chama a atenção foi a importação de maquinários e equipamentos no semestre comparativo: aumentou 58,47%, sendo US$ 199,2 mi entre janeiro e junho de 2020, contra US$ 315,6 mi entre janeiro e junho de 2021, mostrando uma renovação no parque fabril brasileiro, especialmente no têxtil.

EXPECTATIVAS POSITIVAS PARA O 2º SEMESTRE

Mesmo com as incertezas que a pandemia traz, o cenário do 2º semestre de 2021 para o setor têxtil e de confecção se mantém positivo, e vai se redesenhando conforme acontece o avanço da vacinação, especialmente na faixa etária mais ativa em força de trabalho.

Segundo a Abit, há a expectativa de criação de mais de 35 mil novos postos de emprego e, com isso, a injeção de R$ 204 bi em receita no varejo de vestuário para o ano, 16,9% a mais que em 2020.

Os índices de produção e consumo seguem com a expectativa em alta: 2 milhões de toneladas de têxteis e confeccionados (7,4% a mais em volume que 2020) e 2,6 toneladas de consumo interno (12,7% em volume e 14,8% em valores nominais acima do ano passado).

O alerta vem para o comércio exterior: apesar de as exportações (T&C) estarem com uma perspectiva de alta de 31,3% em volumes e 23,1% em valores nominais em comparação a 2020 (US$ 550,3 milhões), as importações (T&C) dispararam 35,9% em volume e 46,6% em valores (FOB), podendo chegar a US$ 2,4 bilhões em 2021.

PONTOS DE ATENÇÃO

Ainda de acordo com a Abit, há pontos que merecem uma atenção redobrada, como a alta taxa de desemprego e massa salarial estagnada. O aumento da inflação acima da meta e, como consequência, a alta dos juros básicos é outra questão que deve impactar nos custos de produção, assim como a logística, mas de acordo com Fernando Pimentel, presidente da Abit, o custo final ao público consumidor não deve ter grandes repasses.

Mas a crise hídrica preocupa a indústria têxtil, especialmente, por seu alto consumo de energia e água nos processos fabris. Para Pimentel, o ideal é que o governo trace um plano de compensação para esses custos junto às empresas. “É preciso haver um pacote de incentivos àqueles que reduzirem seu consumo de energia, mesmo que para bônus futuros, e não só punições”, avalia.

A instabilidade política é mais um assunto que vem atrapalhando o crescimento do país, inclusive no caminhar das vacinações, nas reformas estruturantes (Administrativa e Tributária), e no fechamento de novos acordos internacionais, especialmente no que diz respeito à Argentina no Mercosul e a sustentabilidade referente à União Europeia.

Imagem: rawpixel /Freepik

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