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OS DESAFIOS DOS LOJISTAS SATÉLITES DE SHOPPING EM 2022

Por Mauro Francis

Estamos já em abril e continuamos afirmando que o ano começou com muitos desafios para os pequenos e médios lojistas. Quem vive no comércio sabe que janeiro é historicamente o pior mês para o varejo brasileiro, com o consumo abaixo da média por conta dos pagamentos do IPTU, IPVA, parcelas das compras de Natal, viagens de final de ano, materiais escolares dos filhos e outros gastos. Sem contar que começamos o ano com a 3ª onda da Covid-19, predominando a variante Ômicron, além do aumento de casos de infecções pelo vírus influenza H3N2, fato que fez as vendas caírem ainda mais e o número de atestados médicos aumentarem entre as equipes de colaboradores.

Os lojistas satélites estão fazendo do limão uma limonada. Muitos de nós ficamos descapitalizados na pandemia, impedindo o investimento nos negócios para expansões, reformas e oferta de produtos. A grande maioria dos associados Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (ABLOS) são do segmento de vestuário, calçados e acessórios e a moda pede dinamismo. Estamos na fase de reestruturar as dívidas, possibilitando recuperar a capacidade de gerar caixa e lucro para conseguirmos reinvestir e voltar a crescer. 

Os impostos que haviam sido parcelados antes da pandemia estão pesando demais, pois o faturamento atual continua defasado e não temos nenhum sinal de uma nova maneira de negociar esse passivo. Ficamos entre 2020 e 2021 com nossas lojas fechadas por aproximadamente 120 dias e muitos lojistas que ainda não conseguiram pagar as parcelas receberam protestos dos órgãos Estaduais.

Ainda não encontramos a saída para a maioria dos lojistas, eis que fatores internos e externos dificultam a retomada do setor. O aumento dos custos de aluguel, condomínio, fundos promocionais, folha de pagamento, somado ao vírus, inflação pressionando os preços, alta excessiva do IGP, juros alto, dólar em alta, ano de eleição e, também, a guerra na Ucrânia afetam o comportamento dos consumidores que querem gastar apenas com o essencial. Somos impactados de todas as formas, um conjunto de fatores que desafia diariamente os lojistas satélites.

Dois mil e vinte e dois não será um ano fácil para os empresários do varejo, principalmente aqueles que têm lojas em shoppings centers por conta da elevação dos custos de ocupação aplicados pelos empreendimentos e as correções do IGP, índice aplicado nos contratos de locação e reajuste dos aluguéis, onde nos últimos 24 meses teve alta de 47% e neste ano tende a ficar pior. Com a inflação subindo, as operações poderão ficar insustentáveis, tanto nas renovações dos contratos, como nos custo das matérias primas e mercadorias que nem sempre é possível repassar para o consumidor final.

O aluguel das nossas lojas é um dos assuntos que muito afeta os pequenos e médios lojistas e que está diretamente ligado à saúde financeira das operações. A ABLOS nasceu com objetivo em trazer união para todo setor e criar um movimento que visa encontrar soluções em conjunto não só com os empreendedores, mas também com órgãos estaduais, municipais, federais, com os órgãos que regulam o setor e também com a cadeia de fornecedores.

E, apesar de toda dificuldade, empresários estão se adequando ao mercado e fazendo a “lição de casa” como manda o “novo normal”, afinal, a crise econômica gerada por conta da pandemia do coronavírus fez com que pequenos e médios lojistas pudessem enxergar e avaliar novas oportunidades de negócios fora dos grandes polos comerciais, além de investirem em canais digitais, como marketplace, e-commerce e outras alternativas mais próximas aos seus clientes, onde muitos começaram a atuar apenas no início do isolamento social para amenizar a queda de faturamento. O comportamento do consumidor mudou nos últimos dois anos e fez com que lojistas se reinventassem, criando novas ferramentas e oportunidades para que seus negócios continuassem a existir. 

Segundo último levantamento feito pelo setor, os mais de 600 shoppings centers em todo território nacional contam com aproximadamente 112 mil lojas, sendo cerca de 70% do total de lojistas satélites, que ocupam em média 11 milhões de metros quadrados de área bruta locável (ABL). Ajudamos a movimentar a economia brasileira, mas precisamos de ajuda.

Foto: Divulgação

Mauro Francis é presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (ABLOS), com vasta experiência na área jurídica e especialidade no varejo, franchising e locação.

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