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#INSPIRAMAIS DIGITAL: FREE SPIRIT DESPERTA NOVA CONSCIÊNCIA E NOVAS ROTAS

Em conversa com o estilista, pesquisador e responsável pelo Núcleo de Design do Inspiramais, Walter Rodrigues, ele conta quais as principais inspirações da edição 2021_II e de que forma a pandemia influenciou – ou confirmou – alguns direcionamentos

Nesta terça, 25 de agosto, terá início o Inspiramais – Salão de Design e Inovações de Materiais para Moda. Único do gênero na América Latina, o evento é tido como referência para o mercado da moda e responsável por impulsionar o processo criativo de toda a indústria de confecção, têxtil, calçadista, moveleiro, automotivo, acessórios e bijuterias – nacional e internacional – reunindo informações que unificam linguagem e metodologia para toda essa cadeia produtiva.

Mas engana-se quem acha que será apenas “mais uma” edição: assim como o mundo vem passando por transformações turbulentas, o evento se reinventou, digitalizou-se e está prontinho para o start.

Sob o tema Free Spirit, que traz uma alusão à liberdade de escolhas, uma nova consciência (mais sustentável e ecológica) e reorganização de valores no pensar e fazer moda, o Inspiramais 2021_II reafirma os conceitos de suas pesquisas – feitas bem antes de se imaginar uma pandemia -, e em conversa com a Costura Perfeita, o diretor do Núcleo de Design do evento, Walter Rodrigues, falou sobre quais são eles e as influências desses novos tempos que estamos vivendo.  

COSTURA PERFEITA: Com a pandemia, o direcionamento nas pesquisas para o tema Free Spirit sofreu alguma influência / foi alterado (cores, materiais, acabamentos, etc)?

WALTER RODRIGUES De certa forma, já vínhamos trabalhando com a questão de práticas sustentáveis e reposicionamento das empresas em relação ao desperdício desde a temática Zen, 18 meses atrás. Em janeiro passado, falamos muito claramente sobre a importância da inteligência artificial, dos aspectos digitais, mas com a confluência com o humano e sua importância nesse cenário. Na sequência das nossas histórias, estávamos visualizando um mundo extremamente polarizado – política e economicamente falando -, então, imaginávamos dois caminhos baseados em valores seguros para dois macrogrupos de consumidores.

Como a pesquisa do Free Spirit foi finalizada em 2019, já havia se confirmado um aspecto muito claro dessa divisão com relação aos consumidores: os mais tradicionais e os mais disruptivos, de experimentação. Com a chegada da Covid-19, o lockdown e a impossibilidade de trabalharmos com as empresas logo no começo do ano, como sempre fazemos – geralmente em março é quando se inicia todo o processo de assessoria para as empresas -, acabamos revisando muitas coisas. Mas dentro dessa função da polarização, por exemplo, continuamos firmes na ideia de valores seguros. Isso só se confirmou e tornou mais claro pra nós que, um caminho que o consumidor tomaria naquele momento de insegurança, era o de não sair de sua zona de conforto, e mesmo estabelecendo uma conexão digital, optaria por marcas, produtos ou ações que ele tivesse muito conhecimento, seguisse, respeitasse e compartilhasse valores. Nessa linha, as empresas que já estavam estabelecendo práticas sustentáveis teriam, de certa forma, uma sincronia com o consumidor final a partir do digital, fechando o discurso.

Por outro lado, os consumidores disruptivos, que ficaram trancados, isentos de poder curtir a natureza, ter uma vida de proximidade com as pessoas e lugares, entendemos que, na realidade, ele iria extravasar a partir de um olhar de experimentação, de uso de cores, da possibilidade de a natureza entrar com uma força enorme em sua vida por meio de imagens de botânica – temos um tema chamado Botânica Psicodélica, que é quando as flores ganham cores inimagináveis -, fortalecendo a ideia de escapismo em relação a este momento.

É isso o que temos trabalhado com muita força centro dessas duas diferenças: acreditamos que a volta do tradicionalismo irá se traduzir em conforto, modelagens clássicas, tecidos mais sofisticados, cores mais atemporais. Entendemos que, como reflexo econômico, a primeira corrida que acontece numa crise é para valores atemporais, como o ouro e o diamante, refletindo nas joias e nos acessórios – nas bijuterias, há muita pérola, ouro, strass com brilho de diamante; temos visto também muito a questão do monograma, marcas se posicionando e se firmando ainda mais como reconhecimento de seus valores; a partir do momento que não somos apenas usuários, mas fãs da marca, torcemos pela sua sobrevivência, para continuar produzindo, encantando, ou seja, há uma relação muito próxima de consumidores com suas marcas do coração dentro desta zona de conforto do que “eu conheço e já pratico”.

Há também o romantismo, a ideia de tecidos delicados – prestamos atenção que há muitas imagens de romance dentro dos desfiles, dos estilistas falando muito da aproximação do ser humano, do cuidado, criando uma nova expectativa do que já vínhamos falando a respeito de empatia, de uma relação mais próxima, mais carinhosa, protetora, colaborativa, e também de experimentar coisas novas. A partir do lockdown, por exemplo, quem ficou em casa pôde ter experiências com suas próprias roupas, o que direciona para algo novo, otimista, frente a essa tristeza que nos abateu nesses últimos 5 meses.

Walter Rodrigues, diretor do Núcleo de Design do Inspiramais / Foto: Divulgação

COSTURA PERFEITA: Ainda sob o tema Free Spirit, o que podemos esperar dentro do Preview do Couro e nos próximos direcionamentos?

WALTER RODRIGUES O Free Spirit já é o tema para o segundo semestre de 2021, e o Preview do Couro para o primeiro semestre de 2022. O que estamos buscando a partir de tudo isso é um antídoto: são soluções e práticas que consolidem não só a ideia de propósito, empatia, percepção do nosso cotidiano, mas do que aprendemos com a pandemia e de como podemos construir um novo capítulo para a moda.

Nós pensamos em dois pontos muito importantes, que são: “Naturar”, que é como veremos a natureza daqui pra frente, sua importância, necessidade, cuidado, e de como a tecnologia – por meio dos biomateriais, e de todas as ferramentas atuais que possibilitam experimentos construtivos para impactar a história dos materiais. Ainda na questão dos materiais, os antivirais, a facilidade de higienização e todo esse aspecto protetor que ele pode ter também nos interessa muito. É uma busca por produtos que facilitem nossa vida, que conduzam nosso cotidiano para momentos mais prazerosos, de estarmos muito mais relacionados ao nosso ambiente, à casa, aos nossos amigos, às pessoas que nos são próximas. Além da função do conforto em nosso cotidiano, a ideia é de que o produto não seja apenas encantador, mas necessário.

Acredito que esses são os dois pontos importantes, e sempre temos que olhar com uma lente macro. A pandemia e a maneira de ficarmos isolados multiplicou nossa capacidade de prestar atenção aos detalhes a nossa volta, coisa que não fazíamos. Toda a equipe do Núcleo de Design observou as pessoas no seu raio mais próximo pelo Instagram, e sentimos o quanto elas exploraram a questão da natureza através da janela, do pôr-do-sol, de plantas, de flores, de comida… é como se tivéssemos ativado uma lente macro para todos esses momentos que se tornaram super especiais, e, claro, as pessoas a nossa volta também.

COSTURA PERFEITA: O Inspiramais sempre foi um evento que aguça a multisensorialidade (visual, tátil, entre outras). De que forma vocês pretendem deixar essa sensação mais próxima ao público e compradores no digital, dentro do possível? Acreditam também que esse formato será uma nova experiência sensorial, despertando outros sentidos? 

WALTER RODRIGUES No Inspiramais sempre tivemos uma energia não só criativa, mas uma energia humana muito grande, com os corredores sempre lotados, todo mundo pronto a responder uma pergunta, uma dúvida, indicar, mostrar, buscar referências. Lógico que no universo digital temos o impacto da tela, do distanciamento, mas o que estamos propondo são salas interativas, a presença de todos os consultores, da equipe do Inspiramais, da Assintecal, a diretoria… Bsucaremos, neste momento especial de uma nova experiência, realmente fortalecer os laços humanos, porque o que a tecnologia faz de melhor é esta aproximação num momento em que a gente não pode se aglomerar; toda a energia positiva que temos para estar próximos para continuar dando apoio, estabelecendo uma comunicação vibrante para que as pessoas entendam como foi o acabamento, o toque do material, as estampas, tudo isso a parte interativa nos permite através de vídeos, salas de conferências e conversas mais “human to human”. Estamos ansiosos e empolgados com toda a experiência, e muito desejosos de que realmente consigamos passar o mais sensorial possível por meio das ferramentas digitais. E depois, recebendo as amostras dos materiais, as pessoas terão a chance de completar essa experiência sensorial de toque, percepção, etc. Uma coisa não substitui a outra, mas, ao mesmo tempo, podem caminhar juntas. É nisso que acreditamos.

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