DESATUALIZAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL AMEAÇA MILHARES DE EMPRESAS NA VIRADA PARA 2024, ALERTA ABLOS

A inflação pós-pandemia vem excluindo pequenas empresas do regime, elevando a taxa de fechamento dos negócios e gerando desemprego

Milhares de pequenas empresas podem ser excluídas do Simples Nacional já em janeiro de 2024. O alerta é do movimento “Atualiza Simples Nacional” — composto pela a ABLOS (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shoppings) e mais outras 36 entidades do comércio e serviço, entre sindicatos e associações, que representam mais de 22 milhões de negócios atualmente enquadrados no regime de tributação simplificado. 

Segundo estudo da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a alta da inflação, especialmente no pós-pandemia, promoveu correções nos preços e nos custos, levando a operação de pequenas empresas a chegar perto ou de estourar o teto do Simples Nacional. 

Sem atualização desde 2018, cálculos deste mesmo estudo mostram que, com base no IGP-DI, a defasagem já atinge 75,81%. Por isso, o movimento alerta a urgência na revisão, ainda este ano, da faixa do Simples Nacional, evitando a exclusão de milhares de empresas do regime a partir de 2024. 

Entre as consequências destacadas pelo movimento estão a elevada taxa de fechamento de pequenos negócios, a redução dos investimentos e o aumento do desemprego. Atualmente, dos mais de 48 milhões de empregos na economia nacional, 22,4% são provenientes de estabelecimentos do Simples, totalizando 10,9 milhões de postos de trabalho.

ATUALIZAÇÃO DA TABELA

A proposta do movimento é que o regime fiscal do Simples Nacional passe dos atuais R$ 4,8 milhões para R$ 8,4 milhões, calculado com base no IGP-DI acumulado desde 2018. Além disso, o grupo pede a atualização anual definida por um índice oficial de inflação. 

Essa revisão representaria, segundo o estudo da PUC-RS, uma injeção de R$ 77 bilhões no setor produtivo e a criação de 650 mil empregos, principalmente concentrados na escolaridade “médio completo”, na faixa de 30 a 39 anos, o que significaria um incremento de até 6% nos empregos formais nas empresas optantes pelo Simples Nacional. 

Esses recursos possibilitariam ainda o crescimento orgânico das empresas, gerando maior demanda por insumos, expansão de parques produtivos e de prestação de serviços, promovendo arrecadação anual, direta e indiretamente, de R$ 17 bilhões, diz o estudo.  

A reivindicação entrou na pauta do ministro do Empreendedorismo, Márcio França. Além disso, tramitam no Congresso dois projetos de lei relacionados ao tema. O primeiro é o PL 108/21, que iniciou no Senado abordando a categoria de Microempreendedor Individual (MEI) e, posteriormente, passou para a Câmara dos Deputados, estendendo o reajuste do teto do Simples Nacional para as micro e pequenas empresas, com solicitação de atualização anual. O segundo é o Projeto de Lei Complementar (PLP) 319/16, aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, que determina a correção anual dos limites e faixas de receita bruta das micro e pequenas empresas que aderem ao Simples Nacional, com base no IPCA. 

“O Regime do Simples é importante para os micro e pequenos empresários, que precisam de incentivos fiscais para continuar expandindo seu faturamento. Deixar de atualizar o limite da tabela do Simples Nacional impacta no desenvolvimento e crescimento das empresas, na geração de empregos, na arrecadação de impostos, além de estimular o fechamento de pequenos negócios, o que consequentemente, reflete na economia do país”, explica Mauro Francis, presidente da ABLOS.

MOVIMENTO “ATUALIZA SIMPLES NACIONAL”

O movimento “Atualiza Simples Nacional” reúne 37 entidades do setor de serviços e comércio do cenário nacional. O objetivo é buscar justiça tributária com a atualização anual, de acordo com a inflação, da faixa do Simples Nacional. 

Integram o movimento “Atualiza Simples Nacional” o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha); Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shoppings – ABLOS; Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação – FBHA; Associação Nacional de Restaurantes – ANR; Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Santo Ângelo; Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Osório; Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Erechim; Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Garibaldi; Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias – Sindtur; Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Santa Maria; Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre – Shpoa; Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Uruguaiana; Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Passo Fundo; Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Pelotas; Presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho – Segh; Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Novo Hamburgo – SindGastrHô; FBHA – Regional Sul; Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre – Sindilojas; Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre – CDL; Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel; Sindicato da Hotelaria do Estado do Rio Grande do Sul – Sindihotel; Federação Varejista do RS; Federação de Entidades Empresariais RS – Federasul; Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas – FCDL – RS; Associação Comercial de Porto Alegre – ACPA; Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas – FENACON; Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Rio Grande do Sul – SESCON RS; Sindicado de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro – SINDRIO; Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo – AGV; Sindicato do Comércio Varejista e Lojista do Comércio de São Paulo- Sindilojas SP; Associação Brasileira de Franchising- ABF; Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis; Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo – SESCON SP; Associação de Lojistas de Shopping de Pernambuco – ALOSHOP-PE; Câmara de Dirigentes Lojistas de Recife – CDL Recife e Sindicato dos Lojistas de Recife – Sindilojas PE.